Atividades sobre o Gênero Crônica para a Olimpíada de Língua Portuguesa - AULAS REMOTAS (8º e 9º ano)
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ATIVIDADE 1 - Sobre o gênero
Conteúdo: Gênero Textual Crônica (7ª edição da
Olimpíada de Língua Portuguesa)
PREZAD@ ESTUDANTE: Hoje vamos retomar o
estudo do Gênero Textual Crônica, agora com um foco para a 7ª
edição da Olimpíada de Língua Portuguesa (OLP). A propósito, você
sabe do que se trata?
A OLP é um
concurso de produção de textos – voltado a escolas públicas do Brasil – que
visa a estimular o interesse pela leitura e escrita. O projeto é uma iniciativa
do Ministério da Educação (MEC) e do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,
Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
O texto “Meu morro”, que você lerá a seguir, foi
escrito por uma estudante que está entre os vencedores da 6ª edição da OLP.
Nele, a aluna e autora, Maria Eduarda de Moraes Silva, de Guarujá (SP), nos
apresenta o seu lugar, o Morro do Macaco. Leia-o com atenção e, depois, realize
a atividade de hoje.
CRÔNICA: "Meu morro"
(Maria Eduarda de
Moraes Silva)
O morro acorda
sempre apressado, agitado. Num desce e sobe vielas e escadas, pessoas seguem
suas vidas ao mesmo tempo em que portas e janelas se escancaram e melodias,
risadas saltam soltas daqui e acolá.
Dona Josefa, com seu cigarro já aceso, está de pé à porta de seu barzinho,
curtindo suas músicas sertanejas; e não se demora muito pra ver a Brenda, dos
salgadinhos, aos gritos com os filhos da Michele, que insistem em jogar bola na
frente da sua barraca… Está declarada a confusão. Mas bom mesmo é passar pela
dona Maria, a quitandeira – me delicio só de olhar todas aquelas frutas cheias
de cheiros e sabores.
Os dias são quase todos assim: entre idas e vindas, “sobes e desces”, vou e
volto da escola. E nessa volta, loucura mesmo é passar pelo “Caminho das
Índias” – é assim que chamam a Cachoeirinha na hora do rush – Pensa num lugar
agitado, cheio de gentes, gritos e buzinas? Aff!! Salve-se quem puder! Mas…
Chego lá na minha casa, chego lá…
Já é noite no Morro do Macaco. As luzes tomam seu lugar e, aos poucos, tudo vai
se aquietando… Bem aos poucos. Não vejo mais a Brenda nem dona Maria que, pelo
horário, já fecharam suas vendinhas. Dona Josefa – agora sentada na sua cadeira
de plástico vermelha – mantém o bar aberto até tarde da noite.
Continuo a subida e, lá pelo meio do caminho, um grito sai avisando:
— Os “cara” tão subindo!!! Coooorre, coooorre!! Tão subiiindo!!
O susto paralisante foi logo desfeito pelo apavoramento do povo. Quem pela rua
estava, correu desesperado, assim como eu, pra se esconder em algum lugar. Os
disparos pareciam vir de todos os cantos do morro. Portas e janelas agora
fechadas, amedrontadas pelo caos armado. Tiros, muitos tiros e um último grito
seguido de um choro sentido e doloroso…
— Meu filho nããããããoo!!! Mataram meu menino…
O silêncio reinou por alguns instantes e, aos poucos, via-se a cena final: uma
mãe e o corpo coberto de sangue de um moço baleado.
No dia seguinte, o morro acorda sempre apressado, agitado. Num desce e sobe
vielas e escadas, pessoas seguem suas vidas. Enquanto a noite ficou ali…
Estendida no chão.
PARA COMEÇAR:
TEMA É DIFERENTE DE TÍTULO!
O texto que você acabou de ler é uma crônica, o gênero textual que, no contexto
da olimpíada, é estudado por alunos de 8º e 9º ano. A temática das crônicas
produzidas pelos alunos na OLP é “O lugar onde vivo”. Assim, cada
aluno deve escrever uma crônica sobre isso: o lugar em que ele vive. Perceba
que tema é o assunto do texto. Já o título do
texto é individual e funciona como um nome que damos ao nosso texto,
de acordo com aquilo que escrevemos nele. Portanto, uma vez que todos os alunos
escrevem sobre lugares diferentes e de formas diferentes, cada aluno dá um
título para o seu texto. Você já sabia diferenciar? Interessante, não acha?!
Agora, vamos praticar!!!
1) Pensando na relação entre tema e título de um texto, responda às
questões abaixo sobre o texto que você leu.
a) Qual é o tema do texto que você leu?
b) Qual é o título do texto que você leu?
c) Reflita e responda: Por que a autora deu esse título ao
seu texto?
2) A crônica é um gênero textual que quase sempre é curto,
tem poucas personagens e se inicia quando os fatos principais
da narrativa estão por acontecer. Por essa razão, nele o tempo e
o espaço são limitados. Em “Meu morro”:
a) Quais são as personagens envolvidas na história narrada?
b) Onde aconteceram os fatos narrados? De modo geral, como
esse lugar é descrito?
c) Quanto tempo (minutos, horas, dias, meses...) duram os
fatos narrados por Maria Eduarda em seu texto?
d) Resuma, em poucas linhas, os fatos narrados no texto.
3- Numa crônica, os fatos podem ser narrados por um narrador-observador (que
é aquele que relata os fatos, mas não participa deles) ou por um narrador-personagem (que
narra a história e participa dela). Qual é o tipo de narrador na crônica “Meu
morro”? Marque a opção correta e, em seguida, justifique-a.
( )
Narrador-observador.
( ) Narrador-personagem.
Como você identificou essa resposta?
4- O cronista tem o olhar atento nas notícias veiculadas em jornais
falados e escritos e nos fatos do dia a dia. E escreve sobre eles com
sensibilidade, ora criando humor, ora provocando uma reflexão
crítica acerca da realidade.
a) Pense um pouco: A história relatada na crônica “Meu morro”
é apenas ficcional, ou seja, inventada pela autora?
b) Conclua: Na crônica, Maria Eduarda apenas narra os fatos
ou busca apresentar um novo olhar sobre eles?
c) Que objetivos a autora da crônica “Meu morro” tem em
vista: tratar cientificamente de um assunto, divertir o leitor ou levar o
leitor a refletir criticamente sobre a vida na comunidade periférica? Explique
sua resposta.
ATENÇÃO: Um cronista narra fatos, mas não tem compromisso
com a verdade, ou seja, não precisa se prender ao que é real. A partir da
realidade, ele fica à vontade para escrever sobre o cotidiano, inclusive
podendo modificá-lo.
5- Observe a linguagem empregada na crônica “Meu morro”.
a) Os fatos são narrados de forma pessoal/subjetiva, ou seja,
de acordo com a visão da autora, ou são narrados de forma impessoal/objetiva,
como na linguagem jornalística?
b) Em relação à linguagem, a crônica é mais parecida com as
notícias de um jornal ou com os textos literários (como o conto, o mito, o
poema)?
c) Que tipo de variedade linguística é adotado na crônica:
uma variedade de acordo com a norma-padrão formal ou com uma norma-padrão
informal? Justifique sua resposta.
6- Releia os seguintes trechos da mesma crônica:
I – “O morro acorda sempre
apressado, agitado.”
II – “[...] portas e janelas se escancaram [...]”
III – “[...] melodias, risadas saltam soltas
daqui e acolá.”
IV – “As luzes tomam seu lugar [...]”
V – “Portas e janelas agora fechadas, amedrontadas
pelo caos armado.”
VI – “Enquanto a noite ficou ali… Estendida no
chão.”
a) Observe cada um dos seres destacados. Eles são seres
animados (com vida) ou inanimados (sem vida)?
b) Que ações e características são atribuídas a cada um
desses seres em cada trecho retirado do texto?
c) Diante do que você respondeu, reflita e escreva: Essas
ações/características são comuns para esses seres? O que será que a autora
pretende ao fazer isso, escrevendo, por exemplo, que “a noite ficou ali...
Estendida no chão”?
Note que a forma que autora utiliza para escrever sobre tudo o que vê a sua
volta, sobre o seu cotidiano, sobre o lugar em que ela vive, é uma forma
totalmente individual e particular. Ela dá vida a seres não vivos, algo que
caracteriza uma linguagem poética e singular. Dizer que “o corpo do menino
morto ficou ali... Estendido no chão” não tem o mesmo efeito de sentido que se
alcança com “a noite ficou ali... Estendida no chão”. Esta linguagem é
característica do gênero crônica e de tantos outros textos de caráter
literário. O cronista tem a liberdade de escrever seus textos fazendo uso da
linguagem de maneira criativa. Muito bacana, não acha?!
AMARRANDO AS INFORMAÇÕES SOBRE O GÊNERO:
Como você deve
ter percebido, a crônica é um texto que narra de forma
artística e pessoal fatos colhidos no noticiário jornalístico e no cotidiano; é
geralmente curto e leve, escrito com o objetivo de divertir o leitor e/ou
levá-lo a refletir crítica ou filosoficamente sobre a vida e os comportamentos
humanos; o narrador pode ser do tipo observador ou personagem; emprega
geralmente uma variedade linguística de acordo com a norma-padrão, podendo ser
mais ou menos formal, em linguagem simples e direta, próxima do leitor.
ATIVIDADE 2 - Produção do gênero
Conteúdo: Produção do Gênero Textual Crônica (7ª
edição da Olimpíada de Língua Portuguesa)
PREZAD@
ESTUDANTE: Hoje vamos dar sequência ao estudo do Gênero
Textual Crônica que iniciamos na aula passada. Agora, nossa tarefa
será produzir uma crônica, pensando no que estudamos.
Não sei se você
se recorda, mas lemos uma crônica, intitulada “Meu morro” e escrita por Maria
Eduarda, uma estudante de Guarujá (SP). A temática da crônica era “O lugar onde
vivo”, ou seja, a autora nos apresentou, por meio de seu texto e de forma bem
singular, o lugar em que ela vive.
Abaixo, leia mais uma crônica com essa mesma temática, um texto que esteve
entre os finalistas da última edição da OLP. Ele foi escrito por Jairo Bezerra
da Silva, de Caruaru (PE), que nos fala sobre seu lugar.
CRÔNICA: "Escola fábrica, fábrica escola"
(Jairo
Bezerra da Silva)
6h – despertador toca, sono, frio, eu me acordo, meu pai se acorda.
Banho, escovar os dentes, colocar o uniforme, eu e meu pai. Trânsito, asfalto,
semáforos, tudo de um cinza idêntico, nunca notei a diversidade de tons sem
vida que existem na cidade. Só diferimos no lugar, eu vou para escola e meu pai
para a indústria, mas no fim é tudo igual. Eu entro na escola e meu pai bate o
ponto na fábrica, eu vou para meu assento e meu pai para sua máquina. O
professor fala, as máquinas rugem, lápis, papeis, óleo, engrenagens, é tudo
igual. Os funcionários não sorriem, querem seus salários; os professores estão
exaustos, querem seus salários, para gastar com as mesmas coisas mês após mês.
As mercadorias não pensam, não falam, são modeladas; os alunos não pensam,
repetem, não criam, reproduzem o que lhe é passado, SILÊNCIO!!! Não podem
falar. Números e letras sem cores, nos computadores e nos livros, nas planilhas
e nos cadernos, é tudo igual. Os quadros se enchem, os cadernos se escrevem, as
planilhas se preenchem, os gráficos estão cheios, é tudo igual. O professor
fala, escreve, ensina o que nós não vamos aprender, apenas fingir saber. O
gerente passa e os funcionários sorriem, satisfeitos em fingir satisfação e
manter seu emprego e sua dignidade (dinheiro). As mercadorias são revistadas,
as sem defeitos passam adiante e as demais retornam; a criatividade é tamanha
que não mudaram nem o nome “série de produção”; os alunos também têm seus
números de série, uma lista de chamada, são números, é tudo igual. Os sinos
tocam, não são das igrejas, hora da refeição, fila no refeitório, hora do
intervalo, celulares em mão, eu estou on-line e desconectado do mundo, meu pai
está on-line e desconectado do mundo, sirenes tocam, hora de voltar, é tudo
igual. Acabou, guardar materiais, pressa para finalizar um dia sem pensar que o
próximo será igual. Carros, buzinas, placas, motos, uma gigante massa inerte de
pessoas apressadas, é tudo igual. Chego em casa, wi-fi, me desconecto do mundo
na rede; meu pai na televisão; minha mãe prepara o jantar; anúncios,
propagandas, nos movem para um novo dia, estudo para ter um futuro, um futuro
de compras, tudo igual. A noite desce, como a noite anterior, “AMANHÃ TEM AULA,
VAI DORMIR!!!”, é tudo igual. Eu vou para a escola fábrica e meu pai para a
fábrica escola. A única diferença entre a fábrica e a escola é o ambiente
escuro, quente e mal iluminado da primeira, talvez a escola não seja assim para
que os alunos sobrevivam até chegar na fábrica.
PARA RELEMBRAR:
A crônica é
um texto que narra de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário
jornalístico e no cotidiano; é geralmente curto e leve, escrito com o objetivo
de divertir o leitor e/ou levá-lo a refletir crítica ou filosoficamente sobre a
vida e os comportamentos humanos; o narrador pode ser do tipo observador ou
personagem; emprega geralmente uma variedade linguística de acordo com a
norma-padrão, podendo ser mais ou menos formal, em linguagem simples e direta,
próxima do leitor.
Pensando em tudo o
que estudamos sobre o gênero crônica na última atividade de Língua Portuguesa
(e foi bastante coisa, eu sei... ufaaa!), AGORA É SUA VEZ de
escrever uma crônica sobre a temática “O lugar onde vivo”. Vamos a
algumas ORIENTAÇÕES sobre sua produção:
- Inicialmente, PENSE EM ALGO INTERESSANTE E QUE MEREÇA SER
CONTADO em forma de crônica envolvendo o lugar em que você
vive: pode ser uma situação acontecida há pouco tempo, uma situação que
se repete constantemente, a rotina do lugar em que você vive, enfim, algo que
seja atraente para ser contado e lido.
- A história que você escolher contar PRECISA SER CURTA, algo
que aconteça em poucos minutos ou poucas horas, como nos
exemplos de crônicas que nós lemos nesta atividade e na anterior. Pense também
no lugar em que a história se passa: envolve o espaço da cidade inteira?
Envolve uma rua? Envolve um bairro? Envolve a escola? Envolve um sítio? Uma
vila? Enfim, muitas são as partes do lugar em que você vive que podem se tornar
cenário da história.
- Lembre-se de que você deve narrar uma história (partindo da realidade e
podendo acrescentar pontos de ficção) sobre o lugar em que você vive. Assim,
você será um NARRADOR-PERSONAGEM, ou seja, você narra a história e
ao mesmo tempo participa dela como personagem. Para marcar essa sua
participação, é possível utilizar verbos e pronomes em primeira
pessoa (do singular ou do plural). Veja dois exemplos retirados
das crônicas que nós lemos:
“me delicio só de olhar todas
aquelas frutas cheias de cheiros e sabores” (Meu morro)
“eu me acordo, meu pai
se acorda” (Escola fábrica, fábrica escola)
- Além de ser você uma personagem da crônica, você pode INCLUIR
OUTRAS PERSONAGENS, apresentando suas características, o que elas fazem no
lugar em que você vive, entre outros aspectos.
- Sua crônica pode provocar HUMOR (ou seja, ser
divertida), pode ser IRÔNICA (dizendo coisas que esperamos que
o leitor entenda justamente o contrário), pode ainda ter um tom LÍRICO (mexendo
com sentimentos e emoções) e pode também ser CRÍTICA (fazendo
o leitor refletir sobre algo, como problemas sociais e comportamentos humanos).
Não é preciso que sua crônica tenha todos esses elementos. Você pode escrevê-la
utilizando apenas um ou alguns deles.
- A história que você narrará pode ainda trazer ALGO QUE
SURPREENDA O LEITOR, algo que ele de fato não espera encontrar em seu
texto: pode ser uma personagem inesperada, um acontecimento (como a morte
narrada na crônica “Meu morro”); enfim, você é capaz de “pegar” o seu leitor de
surpresa. Faça isso!
- Para encerrar o seu texto, pense no DESFECHO, ou seja, a
maneira como sua crônica termina: a história pode ter UM FIM
CLARO, pode ter UM FIM QUE FICA EM ABERTO, dando uma ideia de
que o que foi narrado continua a se repetir (como na crônica “Escola fábrica,
fábrica escola”) e pode ainda ter UM FIM SURPREENDENTE (como
acontece na crônica “Meu morro”, embora ela traga a rotina da favela, ou seja,
o que se repete constantemente por lá).
- Dê um TÍTULO bem atrativo ao seu texto. O título
precisa estar ligado ao que você escreveu em seu texto. Por isso, faça isso por
último. Além disso, lembre-se de que título e tema são coisas
diferentes. Fique ligado!
- Depois de planejar e escrever a primeira versão do seu texto em
uma folha à parte (pode ser no caderno), RELEIA TUDO O QUE
ESCREVEU, analisando a presença dos elementos do gênero
crônica, REVISANDO TODO O PORTUGUÊS DO SEU TEXTO E CORRIGINDO o
que for necessário (você pode pedir a ajuda do seu professor, se for preciso).
Muito bom!
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