Sequências Didáticas com Gêneros Discursivos: Uma Incursão pela Arquitetura do Livro Didático de Língua Portuguesa

Olá!

Abaixo, vocês podem ler o resumo e a introdução do meu Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Letras - Português e Inglês). Caso alguém se interesse pela leitura integral da monografia, basta entrar em contato comigo via e-mail, que eu posso enviar o arquivo completo.

E-mail: junior.ufrpe@live.com


Título: Sequências Didáticas com Gêneros Discursivos: Uma Incursão pela Arquitetura do Livro Didático de Língua Portuguesa

Referenciação: LUCAS JR, J. O. Sequências Didáticas com Gêneros Discursivos: Uma Incursão pela Arquitetura do Livro Didático de Língua Portuguesa. Monografia de Graduação. Garanhuns: UFRPE/UAG, 2015.

Autor: Josenaldo Oliveira Lucas Júnior (LUCAS JR, J. O) 
Orientadora: Dra. Juliene da Silva Barros-Gomes (BARROS-GOMES, J. da S.)
Curso: Licenciatura em Letras - Português e Inglês
Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) - Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG)


Resultado de imagem para digitando

RESUMO

Este trabalho apresenta – sob a ótica dos estudos de gêneros discursivos – uma análise da coleção Vontade de Saber Português, que está inserida no Plano Nacional do Livro Didático – PNLD 2014, destinando-se aos alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Para tanto, foram revisitados os estudos bakhtinianos de Gêneros Discursivos, além daqueles realizados acerca da incorporação desses gêneros em Sequências Didáticas, conforme as contribuições oferecidas por Schneuwly e Dolz (2004). Ao fazermos um percurso pela coleção, mostramos quais os objetivos gerais das seções e subseções que compõem as sequências didáticas e montamos uma panorâmica da disposição dos gêneros na arquitetura dos quatro volumes; além disso, ao selecionarmos uma sequência didática de cada volume, num segundo nível de análise, averiguamos de que maneira esses gêneros, por nós categorizados como centrais e periféricos, se agrupam com vistas ao desenvolvimento das capacidades discursivas dos alunos. Diante disso, foi possível apontar para dois fatores organizacionais dos gêneros na coleção como um todo e nas sequências didáticas, respectivamente: 1) a complexidade linguística e composicional dos gêneros, condicionada à capacidade compreensiva dos alunos, e 2) a temática do capítulo, a construção composicional dos gêneros e a complexidade da linguagem empregada, variando de acordo com os objetivos das sequências didáticas. Portanto, a análise realizada permite afirmar que o ensino/estudo proposto pela coleção, satisfaz as exigências da perspectiva interacionista sociodiscursiva do ensino de Língua Portuguesa, visando à formação de cidadãos, de acordo com as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais. 

Palavras-chave: Gênero discursivo; Sequência didática; Livro didático; Ensino de língua portuguesa.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I. SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS COM GÊNEROS DISCURSIVOS: UMA NOVA METODOLOGIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
1.1 Gêneros Discursivos: breve incursão pela história do conceito
1.2 Gêneros Discursivos e Concepção de Língua(gem) no ensino de Língua Portuguesa: uma reflexão à luz dos Parâmetros Curriculares Nacionais
1.3 Sequências Didáticas: revisitando a história e a construção da definição
1.4 Sequências Didáticas com Gêneros Discursivos no Ensino de Língua Portuguesa
CAPÍTULO II. UMA REFLEXÃO ACERCA DO LIVRO DIDÁTICO: METODOLOGIA E ANÁLISE DA COLEÇÃO
2.1 Descrição da coleção Vontade de Saber Português
2.2 Análise da coleção
2.2.1 Análise da sequência didática retirada do Volume 6 (6º ano)
2.2.2 Análise da sequência didática retirada do Volume 7 (7º ano)
2.2.3 Análise da sequência didática retirada do Volume 8 (8º ano)
2.2.4 Análise da sequência didática retirada do Volume 9 (9º ano)
2.3 Síntese da análise dos quatro volumes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXOS
Anexo I – Imagens das sequências didáticas analisadas
Anexo II – Referências do material analisado


INTRODUÇÃO

        O interesse desta pesquisa surgiu da inquietação relacionada à efetivação da estruturação do livro didático de Língua Portuguesa em sequências didáticas compostas por gêneros discursivos. Essa metodologia de ensino, em que se coloca o gênero como base, tem suas raízes em pesquisas desenvolvidas a partir da década de 80 sobre os estudos de texto [1], quando se começou a repensar as abordagens do ensino de língua materna, que estavam relacionadas, única e exclusivamente, à gramática normativa. Desse modo, cogitou-se a possibilidade de encaminhar esse ensino tradicionalista para uma perspectiva interacionista sociodiscursiva. 
       Nessa nova perspectiva, define-se o ensino de Língua Portuguesa numa abordagem interacional, caracterizada por um trabalho de ensino que tem a utilização efetiva da linguagem como objeto de estudo, ao invés das regras, como era comum. Nesse sentido, o aluno passa a ser visto como um sujeito capaz de agir e interagir socialmente por meio da linguagem, configurando-se como ator social. No entanto, no contexto do ensino básico, essa nova abordagem foi oficializada, no Brasil, apenas no ano de 1998, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental, no volume destinado à orientação do ensino de português.  
       Para realizar esta pesquisa, revisitamos os estudos já realizados acerca dos eixos que a envolvem, a exemplo das discussões teóricas encontradas em Bakhtin (1997), Rojo (2007), Chevallard (1992), Schneuwly e Dolz (2004), além de outros trabalhos, em que se especulou a materialização dos conceitos de sequências didáticas e gêneros discursivos no livro didático de português, levantando questões acerca da organização do livro didático, a fim de buscar compreender a estruturação e organização deste, associadas ao cumprimento de sua função didática.
        Dessa forma, no presente trabalho, averiguamos se a disposição dos gêneros nos livros didáticos da coleção Vontade de Saber Português se dá de maneira a proporcionar aos alunos o desenvolvimento de suas capacidades linguísticas e discursivas. Assim, faremos um percurso pelos livros didáticos da coleção, destinados aos alunos do 6º ao 9º ano, tomando como base as sugestões e orientações dos PCN (BRASIL, 1998), no que respeita a essa nova perspectiva do ensino de Língua Portuguesa.
Desse modo, tendo em mente uma concepção interacionista de língua(gem) e uma abordagem sociodiscursiva do ensino de língua portuguesa, a pesquisa realizada foi em busca de respostas para os seguintes questionamentos: 
1 Como se apresentam os gêneros discursivos nos livros didáticos da coleção? 
2 A organização dos gêneros nas sequências didáticas atende às orientações dos PCN (BRASIL, 1998), quanto ao nível de complexidade – dos mais simples aos mais complexos – ao longo dos quatro volumes da coleção?
3 A estruturação dos gêneros discursivos na coleção satisfaz as exigências metodológicas pautadas na perspectiva interacionista sociodiscursiva do ensino de Língua Portuguesa?
Assim, observando os questionamentos que moveram a realização deste trabalho, torna-se nítida a relevância dada ao livro didático, como gênero [2] que media o processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa. Dessa forma, nossa maior preocupação está centrada no fato de os gêneros serem os pilares da arquitetura do livro de português (como também de outras disciplinas), tornando-se necessária uma investigação, a exemplo desta, para constatarmos se a disposição dos gêneros discursivos atende ao objetivo primordial de proporcionar aos alunos o estudo da língua, com vistas para o desenvolvimento de suas habilidades com a língua(gem), o que certamente lhes possibilitará o exercer de práticas sociais.
Para tanto, este estudo encontra-se disposto em dois capítulos, além das palavras finais: no Capítulo 1, predominantemente teórico, discutiremos o histórico da definição bakhtiniana de gêneros discursivos, situando a pesquisa na corrente teórica na qual está fundamentada; além disso, traremos, também, para a discussão, questões pertinentes à conceituação e ao percurso histórico das sequências didáticas com gêneros discursivos no âmbito do ensino de Língua Portuguesa; a fim de, no Capítulo 2, apresentarmos a metodologia da pesquisa e analisarmos a materialização dos conceitos discutidos, no espaço da coleção Vontade de Saber Português; por fim, faremos as Considerações Finais da pesquisa, em que mostraremos, no geral, um panorama do estudo realizado, além de respondermos, nesse último tópico, aos questionamentos que moveram a realização desta investigação.
Desse modo, esta pesquisa direciona-se à nova abordagem do ensino de português que, embora tenha sido lançada desde 1998, ainda está dando seus primeiros passos; o que requer de nós, estudiosos, um olhar atento, voltado para a investigação do cumprimento dessa proposta. É por esse motivo que pretendemos aprofundar este estudo, futuramente, ao nível de mestrado. 

NOTAS DA INTRODUÇÃO:
[1] O estudo do texto passou a ser realizado sob perspectivas diversas. É válido salientar que, há pesquisadores que desenvolvem um estudo voltado para a estrutura dos gêneros, sendo nesse âmbito que se enquadram os estudos dos gêneros textuais; outros autores, em contrapartida, direcionam seus trabalhos para a funcionalidade dos gêneros, e aqui estão compreendidas as pesquisas acerca dos gêneros discursivos, dentre as quais situamos o presente trabalho.

[2] É sabido que há diversas concepções de livro didático. O LD é compreendido ora como suporte de gênero (como um lugar de encontro para os diversos gêneros que reúne), ora como produção cultural (estando sujeito aos costumes e à cultura da sociedade que o organiza), ora como gênero do discurso complexo (sendo, assim, um único gênero discursivo formado a partir da integração de outros tantos). Cabe ressaltar que, é na concepção de LD como gênero do discurso complexo que este trabalho está centrado.


REFERÊNCIAS

ALMEIDA, G. P. Transposição didática: por onde começar?. São Paulo: Cortez, 2007.

BAKHTIN, M. M.; Volochínov, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1981 [1929].

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Trad. por Maria Emsantina Galvão G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997 [1979].

BARROS-GOMES, J. da S.; SILVA, J. de O. Textualização do Discurso: O livro didático como hipertexto. Encontros de vista – Revista Digital do Curso de Licenciatura em Letras (UFRPE/Dois Irmãos). Recife, UFRPE, jul./dez. 2012.

BITTENCOURT, Circe. Em foco: História, produção e memória do livro didático. Educação e Pesquisa - Revista da Faculdade de Educação da USP. São Paulo, Universidade de São Paulo, v. 30, n. 3, set./dez. 2004. p. 471-473.

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa – 1º e 2º ciclos do ensino fundamental. Brasília: SEF, 1997.

______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa – 3º e 4º ciclos do ensino fundamental. Brasília: SEF, 1998.

BRASIL, Constituição (1998). Capítulo III: Da Educação, da Cultura e do Desporto. In: ______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2005. p. 135-142.

BRONCKART, J.-P. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. Trad. Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. São Paulo: EDUC, 1999.

______. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento humano. Org. Anna Rachel Machado e Maria de Lourdes Matencio. Campinas: Mercado de Letras, 2006.

______. O agir nos discursos: das concepções teóricas às concepções dos trabalhadores. Org. Anna Rachel Machado e Maria de Lourdes Matencio. Campinas: Mercado de Letras, 2008.

CRISTOVÃO, V. L. L.; ANJOS-SANTOS, L. M. dos; LANFERDINI, P. A. F. Dos saberes para ensinar aos saberes didatizados: uma análise da concepção de sequência didática segundo o ISD e sua reconcepção na Revista Nova Escola. Londrina: UEL, 2010.

CHEVALLARD, Y. A theoretical approach to curricula. SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS COMPARATIVOS DE CURRÍCULOS DE MATEMÁTICA EM DIFERENTES PAÍSES. Itália, 1992. Disponível em: http://yves.chevallard.free.fr/spip/spip/rubrique.php3?id_rubrique=5 Acesso em: abril de 2015.

______. On didactic transposition theory: some introductory notes. 1989. Disponível em: http://yves.chevallard.free.fr/spip/spip/rubrique.php3?id_rubrique=6 Acesso em: abril de 2015.

DELAMOTTE-LEGRAND, R. A profissão de professor: relação com os saberes, diálogo e colocação em palavras. In: SOUZA-E-SILVA; M. C. P; FAÏTA, D. (Orgs). Linguagem e trabalho: construção de objetos de análise no Brasil e França. São Paulo: Cortez, 2002. p. 127-137.

DIAS, Eliana; et al. Gêneros textuais e(ou) gêneros discursivos: uma questão de nomenclatura?. Interacções. No. 19. 2011. p. 142-155.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

GERALDI, J. W. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 1984.

GONÇALVES, A. V. Gêneros textuais e reescrita: uma proposta de intervenção para o ensino de língua materna. In: Linguagem em (Dis)curso, v. 10, n. 1, jan./abr. SC: Palhoça, 2010. p. 13-42.

KOCH, Ingedore. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

LYONS, John. Linguagem e Linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 1987.

MACHADO, A. R.; CRISTOVÃO V. L. L. A construção de Modelos Didáticos de Gênero: Aportes e questionamentos para o ensino de gêneros. In: Linguagem em (Dis)curso, v. 6, n. 3, set./dez. Tubarão, 2006. p. 547-573.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. p. 211-221.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Volume 1. Brasília: Secretaria de Educação Básica, 2006.

PAULON, A.; NASCIMENTO, J. V.; LARUCCIA, M. M. Análise do Discurso: Fundamentos Teórico-Metodológicos. Rev. Diálogos Interdisciplinares. Vol. 3, n. 1. 2014. p. 26.

ROJO, R. H. H. Gêneros do discurso no círculo de Bakhtin: ferramentas para a análise transdisciplinar de enunciados em dispositivos e práticas didáticas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS DE GÊNEROS TEXTUAIS (SIGET), 4., Tubarão, SC. Anais. Tubarão: UNISUL, 2007. p. 1761-1775.

SANTOS, Marcia M. C.; PEREIRA, Siloe; AZEVEDO, Tânia M. de (Org.). Projeto pedagógico UCS-licenciatura (formação comum). Caxias do Sul: Educs, 2004.

SANTOS, R. M. A. S. Os Gêneros Textuais como Ferramenta Didática para o ensino da linguagem. Dissertação. Mestrado em Ciências da Linguagem. Recife: UNICAP, 2010.

SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004.

SOARES, M. Concepções de Linguagem e o Ensino de Língua Portuguesa. In: BASTOS, N. B. (org.). Língua Portuguesa: História, Perspectivas, Ensino. São Paulo: EDUC, 1998.

SUASSUNA, L.; SOUZA, S. B.; ANJOS, F. M. “Tia, é português ou gramática? Um estudo sobre o ensino da análise linguística. Anais... 16º COLE. Campinas: UNICAMP, 2006.

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1 e 2 grau. São Paulo: Cortez, 1997.

Comentários

Mais visitadas!

Atividade de Revisão sobre Verbo (7º ano - Língua Portuguesa)